terça-feira, julho 18

Devaneios de fim de tarde


O fim-de-tarde me deixou aos prantos...Ou terá sido essa infeliz junção com a febre?

Estou ansiosa. E olha que é por algo que já sei, só quero ouvir e dizer-me que não é de véspera que estou sofrendo. É melhor dizer um “não dá” do que colocar “The Blower's Daughter” e me deixar intuir. Seria perfeito demais se desse certo, não?

(um lindo trecho da Bíblia, como que em desculpa pelo nosso comportamento e posts passados...O que estiver em itálico é meu . Droga, se não fosse a dor de cabeça que vem depois, chorar era até reconfortante... É meio como se vc expulsasse da alma as tristezas, inquietações e problemas, traumas e sabe lá mais o que possa ter... Tudo em forma de belas e cristalinas lágrimas...)

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. (Aqui eu digo que a questão não é mesmo a riqueza, é o coração dividido... Há de se desesperar um coração assim).

Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?

Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?

Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado1 ao curso da sua vida?

E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.

Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão2, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?

Porque os gentios3 é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;

Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.”

(Bíblia - Evangelho Segundo Mateus capitulo 6, versos 24 – 34)

côvado1 É um antiga medida, que equivale à distância da ponta do indicador até o cotovelo. Medida egípcia que os hebreus incorporaram durante seus tempos de escravidão (Imagine o quanto era “precisa”...).

Salomão2 Acho que era tudo o que todo hebreu queria ser. O rei mais famoso, mais sábio, mais rico, governou por mais tempo que seus antecessores (foi o 3º rei de Israel e depois o estado foi dividido, então foi o ultimo tbm), diz que a Bíblia que teve 1000 mulheres, construiu o Templo de Jerusalém (eterno nem que seja na memória, quer na Bíblia, lendas dos templários ou modernos ritos maçons.)

gentios3 não-israelitas, deriva do termo em grego "génos" (significando "clã" ou um "grupo de famílias").Israel foi invadida pelos macedônios em 332 a.C. Era ofensa pra alguém de Israel ser chamado de gentio, dava até briga...Seria como xingar a mãe de alguém.... Se não me falha a memória..vou correr o risco do erro, to com preguiça demais pra pesquisar algo.Triste demais tbm.

segunda-feira, julho 17

Inquietação I


"Tudo flui, nada persiste. O ser não é mais que vir-a-ser."

Não pretendo rumar pelos caminhos da dialética ou discutir ontologia alguma. Não tenho conhecimento, minhas pretensões nunca foram tão altas. Um adorado amigo filósofo (desses que amamos mesmo com tantos defeitos e brigas quase que diárias, discordando em praticamente tudo... Pra quem leu "O Dia do Curinga", ele é igualzinho o pai do Hans-Thomas, só que viciado em jogo e não em alcool) me disse que isso é um sofisma e eu - logo eu - não deveria nem pensar assim. Nem proferir essa heresia. Sofisma ou não, há impermanência nessa palavras... Estamos sempre a um passo de algo tão mágico e bom ou destruidor, só que não aceitamos e preferimos ficar planta.

Não sei quem nos disse que o certo na vida são coisas imutáveis (até as montanhas mudam e muitas delas viram o começo de tudo, mas elas se desgastam, aumentam, esquentam, gelam, até elas mudam). Por isso tememos a morte ( pareceu meio simplório mais o raciocínio é esse mesmo...) Imaginemm só se ninguém morresse? As pessoas precisam morrem mas não aceitamos. Nunca estamos preparados, mas faz parte do ciclo da existência, em qualquer coisa que se crê ou descrê. A morte não é um mal necessário, é um bem a ser esperado. Nossa existência está mesmo arraigada a essa maneira de enxergar a vida como estática, de temer irracionalmente o que não conhecemos, de não aceitar que as coisas tem um início e por isso também deverão ter um fim. E aqui está a impermanência de novo.

Maldizemos as mudanças, dizemos não ter forças para elas, não existe coragem. Será que é o medo das adaptações que porventura ocorrerão? Ou das incertezas advindas na mudança? Ou se sentir só, isolado ante a vida, como que temendo a conclusão de Deus no Éden "Não é bom que o homem esteja só"...

Engolimos tanta coisa por esse não é bom estar só, pelo medo de dizer um não-quero-mais-e-dane-se-o-que-acontecerá-depois... E nos acostumamos a viver de metades, de restos, do nada que fingimos estar ali... Sem coragem de arriscar num emprego novo ou deixar aquela faculdade que seus pais cismaram que era a sua cara e buscar novos horizontes... Pois ninguém viverá a vida de ninguém ou se você preferir, nas palavras de Aslam de Nárnia " a ninguém será contada a história de outrém"...

Droga! Eu falei, falei e não disse nada... O certo que sempre lembro daqueles monges budistas que passam horas fazendo mandalas lindas, trabalhosas, perfeitas em criatividade e simetria para destruí-las logo depois, com força e decisão, pra lembrar que a vida realmente é impermanência e não devermos ter medo.

E eles não sofrem pelo fim daquilo que criaram por que admitem que um dia a mandala deveria deixar de existir. Não desejam que seja eterna e o não-desejo os libera do sofrimento, dando-lhes força para acabar com o que precisa ter um fim...E quero dizer bem alto "eu não tenho medo" e desejo que assim seja.....

domingo, julho 16

Realejo


Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli / Danilo Souza

Será que a sorte virá num realejo?
Trazendo o pão da manhã
A faca e o queijo
Ou talvez... um beijo teu
Que me empreste a alegria... que me faça juntar
Todo resto do dia... meu café, meu jantar
Meu mundo inteiro...
que é tão fácil de enxergar... E chegar

Nenhum medo que possa enfrentar
Nem segredo que possa contar

Enquanto e tão cedo
Tão cedo

Enquanto for... um berço meu
Enquanto for... um terço meu
Serás vida... bem vinda
Serás viva... bem viva
Em mim

Será que a noite vira num vilarejo
vejo a ponte que levara o que desejo
admiro o que há de lindo e o que há de ser... você

Enquanto for... um berço meu
Enquanto for... um terço meu
Serás vida... bem vinda
Serás viva... bem viva
Em mim

"Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem"



(isso não é uma mutação!
O cellariu não será um blog romântico...
É que Teatro Mágico é muito bom...)