quarta-feira, janeiro 31

"Oh eu, oh vida
Das perguntas sempre iguais
Dos interminaveis comboios de descrentes
Das cidades a abarrotar de idiotas
O que há de bom no meio disto
Oh eu, oh vida?" (Walt Whitman)


Nesses dias me sinto só como poucas vezes foi.Sei lá mesmo se é solidão ou descrença. Não deve ser coisa alguma. E de tudo que me espanta, sou eu a mais assustadora das coisas. A coisa impensada, a incriável, temorosa como se o movimento dos astros fosse dar cabo de minhas forças.
E cansada. Como se trabalhasse de sol a sol, jogada no vento e chuva, açoitada por mares e pedras. Cansada até para pensar no que ando fazendo (se devia ter feito ou desfeito) e se meus passos- nada largos- me levam mesmo a alguma estrada.

O que há de bom no meio disto?


Realmente, o que há? Não serei eu, certamente. Pelos dias que se seguem e as palavras vertidas nesse chão escuro. Tão escuro ...
Algo me incomoda mas ao certo não sei do que se trata. E nem é a frieza dos abraços ou o que há de oculto nos olhares alheios e rimas pobres.
Há coisas que preferia não tê-las feito, esquecer definitavamente delas, ou encarar como parte da vida, que acontecem e pronto. E sair dessa escravidão...
Há mais lá fora. Mesmo que eu não consiga ver da janela.

segunda-feira, janeiro 29

"O melhor negócio é ainda o seguinte: não morrer, pois morrer é insuficiente, não me completa, eu que tanto preciso"

Clarice Lispector, em A Hora da Estrela.


Pois é.
E assim volto com esse blog, pois matá-lo de nada adiantaria.
Pode sentar e escutar. E quando eu não tiver o que dizer, o que mostrar, não é que os dias passaram-se em branco ou toda chaga já curou ou que a alegria foi embora sem dizer ao menos tchau. Não é nada disso. É cansaço - de mim, da vida, do céu - dessas coisas imutáveis a quem devo obediência.