Melquíades estava lá, sentado na soleira da porta, contemplando os últimos raios de sol a banhar-lhe o rosto moreno e curtido do tempo. Sua pele, já cheia de vincos, não demonstrava mais a jovialidade de antes. Na mão esquerda trazia um cigarro. Esse nada mais era que palha de milho enrolada em fumo raspado. De tragada em tragada, ele pensava em sua vida.
A mão direita doia, devido a uma queimadura que insistia em não cicatrizar.
"Diacho de queimadura ... faz alguns dias me queimei e essa droga não melhora!" - Disse, com desdém.
Tentara acabar com a dor trabalhando, de sol a sol. Mas essa era uma inimiga silenciosa. Fazia questão de desaparecer e voltar depois, triunfante, como querendo lembrá-lo sempre de sua insignificância.
O tempo passava e agora a última gota de sol respingava-lhe a face. O dia estava terminado. Logo as lamparinas de querosene começariam a ser acesas em diversos pontos nas colinas mais próximas e também nas colinas mais distantes.
Assim era a vida naquela região. Vagarosa, parada. O tempo escorria lá mais lentamente que em outros locais.
Essa era a vida de Melquíades. E a queimadura ainda doia.
sábado, junho 24
quinta-feira, junho 22
Nephilim
Foi então que ele abriu os olhos
E havia mar neles.
O túrbido azul
a embriaguez salgada
indo e vindo indo e vindo indo e vindo
A dor da queda,
a calma plácida dos condenados
O orgulho
A incompreensão da escolha
O conhecimento de eras perdidas...
Tudo num olhar
Era ponto,era pássaro contra o céu fulvo e púrpura.
Olhar de sal à beira-mar.
O triste azul das águas sem memória.
E havia mar neles.
O túrbido azul
a embriaguez salgada
indo e vindo indo e vindo indo e vindo
A dor da queda,
a calma plácida dos condenados
O orgulho
A incompreensão da escolha
O conhecimento de eras perdidas...
Tudo num olhar
Era ponto,era pássaro contra o céu fulvo e púrpura.
Olhar de sal à beira-mar.
O triste azul das águas sem memória.
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